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Wednesday 22 August 2012

DA BOSNIA E DA SIRIA


Da Bósnia  e da Síria

A vista do alto de Sarajevo é de uma cidade formosa, deitada em um vale, com um rio separando a arquitetura otomana dos prédios austro-húngaros. E montanhas com florestas densas  e  verdes.E de repente,por todo lado,nos morros e vales, pedras brancas, apontadas para o céu, de uma brancura gritante. São cemitérios e mais cemitérios dos muçulmanos mortos pelos sérvios e croatas na guerra há duas décadas. E o quadro se completa com cemitérios católicos e ortodoxos.

Não tão longe está Srebernica, o lugar de um massacre vergonhoso, dos sérvios sobre os muçulmanos. Mais pedras brancas, mais dor, e vidas perdidas.Isso aconteceu sob as vistas de mundo inteiro, a  cores.E mais, sob a proteção e olhar pouco perplexo dos soldados holandeses das Nações Unidas.Vinte anos depois, no local do massacre, o atual  Secretario Geral das Nações Unidas pede desculpas e ainda diz que espera que o sucessor dele não vá repetir o gesto no caso de Síria.Esta atrasado, pode pedir desculpas já.

O conflito na Síria é diferente do conflito na Bósnia, mas o saldo de destruição é o mesmo. Famílias destruídas, mortos, mutilados, crianças trucidadas e sem futuro, cidades em ruínas. E mais refugiados.Um ano e meio de guerra sem fim, perante nossos olhos, todo dia na TV, de novo ao vivo e a cores.E as Nações Unidas novamente assistindo, como a Liga das Nações antes da Segunda Guerra Mundial, que assistiu impávida à acensão de Hitler.

Temos um sistema  multilateral  ineficaz.Digo mais: alimenta  a guerra. Não  é um sistema que evita guerras,pode até diminuir tensões, mas os fornecedores de armas e os que têm interesses no conflito não se assustam e nem param.E os grandes atores que têm assento no Conselho de Segurança têm direito a veto.E vetam todo esforço para acabar com o conflito sírio.

A resposta à pergunta se um mundo sem Nações Unidas seria melhor, é óbvia. Com essa instituição está ruim, mas sem ela seria pior.O que não pode continuar é termos um organismo que, com sua organização e seu sistema, legitima as mortes de inocentes e a destruição. As Nações Unidas precisam ser reformadas.Não se trata só de assento do Brasil no Conselho de Segurança,trata-se de mudança de um sistema arcaico, que serve hoje para legitimar os conflitos em vez de resolver.A luta da diplomacia brasileira é uma luta árida, mas tem que continuar, porque sem ela o mundo será dos que fizeram a Bósnia e estão hoje destruindo a Síria e alimentando conflitos, com milhares de refugiados na África, onde em alguns países a situação é igual ou pior, mas menos  vista na televisão do que a Síria.

Parece que insistimos em não apreender com a história. O que eu vou dizer aos meus amigos sírios?Que não me importo com eles porque a briga é das grandes potências, ou vou achar um meio de ser solidário? Uma maneira é dar apoio ao governo brasileiro para que as Nações Unidas ajam e se faça a reforma.Outro é que a sociedade expresse sua indignação sempre.Inclusive aos diplomatas dos países envolvidos e das grandes potências.Hillary Clinton visitou Brasil, foi recebida nas entidades empresariais e ninguém lhe disse nada sobre esses assuntos.Não resolvidos, acabam também com os mercados, já  que com as mortes poucos se preocupam.       

Stefan B. Salej
22.8.2012.

Monday 20 August 2012

A VIOLENCIA E MORTES NAS MINAS DE PLATINA NA AFRICA DO SUL

Polity
Article by: Sapa
Published: 17 Aug 2012
Lonmin violence not 'out of thin air' – Friedman
The violent confrontation that claimed more than 30 lives near Lonmin's Marikana mine, in Rustenburg, did not just happen out of thin air, an analyst said on Friday.

"Should we have seen this coming? Yes and no," said Steven Friedman, director of the Centre for the Study of Democracy at Rhodes University and the University of Johannesburg.

"You have a police force who are not properly equipped... You have people failing to realise that we need to stop treating trade unions as a threat and treat them as an asset.

"This industry [mining] is an important industry, but it also comes with human costs. We need a little bit more sensitivity to how difficult this job is."

Friedman said the situation at the Lonmin mine was also a good indication that unions had lost touch with their members.

"The NUM [National Union of Mineworkers] by its own admission lost the confidence of its members... If the unions are weak, you have tragedy."

Friedman said this showed what could happen in work places if the system of bargaining broke down.

Police moved in on protesters gathered on a hilltop near the mine on Thursday, after days of negotiations.

The police ministry said on Friday that "over 30" people died in the ensuing shooting. The National Union of Mineworkers (NUM) said that 36 people were killed.

Another 10 people – including two police officers, two security guards and three NUM shop stewards – have been killed in separate incidents since the start of an illegal strike last Friday.

The strike was believed to be linked to rivalry between the NUM and the Association of Mineworkers and Construction Union (Amcu) over recognition agreements at the mine. Workers also wanted higher wages.

Friedman said union rivalry was common all over the world, but was "more bitter" in South Africa.

"The reason is that for people involved, being in a senior position in a trade union means getting out of poverty. There is an economic motive here, and we wouldn't be here if we [didn't] have an economic situation where people have to fight for leadership in unions to have a better life," he said.

The police have come under heavy criticism for opening fire on the miners.

Friedman said police officers in South Africa were not being properly trained.

"I'm not blaming the police..., [but] our police are not being trained to deal with this violent situation," he said.

Many people felt that South Africa needed a police force that was tougher, but Friedman said this was not the case.

"It is not a question of being tougher. They [police] are not adequately trained. If you put guns and bullets in the hands of these people, who are not trained properly, you have a problem," he said.

Part of the problem was also that two police officers had been killed before Thursday's shooting.

Friedman said this had increased the chance of police on the scene shooting.

"Someone should have been aware of the problem," he said.

Thursday 16 August 2012

Dos alinhados nao alinhados


Dos alinhados não alinhados

Na bucólica ilha de Brioni no mar Adriático, hoje parque nacional croata, encontram-se decadentes  instalações de um zoológico e das antes  vistosas instalações para hospedar dignitários do mundo inteiro.No zoológico, havia tigres de Bengala, elefantes da Índia, crocodilos do Nilo e onças da África. Eram presentes dos dignitários da época, que junto com o Marechal Tito, da Iugoslávia  ( Nehru da India,Nkrumah da Gana, Nasser do Egito e Sukarno da Indonésia ) criaram em 1961 o Movimento dos Países Não-alinhados.

O movimento tinha por objetivo, em um mundo bipolar, Oeste com Estados Unidos e Este com a União Soviética, encontrar uma terceira via, que basicamente reunia países recém saídos do processo de  descolonização, e pobres, ou, oficialmente, em vias de desenvolvimento. Enquanto viveram os cinco líderes e alguns de seus sucessores, cresceu, reuniu 120 países-membros e 21 observadores, entre os quais o Brasil  (não esquecendo a admiração que o Presidente Jânio  Quadros tinha pelo movimento) e teve suas baixas e poucas altas.Em 1979, quando Cuba presidia o movimento, deu-se uma virada anti-imperialista e anti-colonialista que radicalizou posições e afastou o movimento dos objetivos iniciais, que eram organizar a união política para promover o desenvolvimento e comércio entre os países em desenvolvimento (Sul-Sul).

Durante a reunião na África do Sul, sob a presidência do legendário Nelson Mandela, o movimento começou discutir também a luta contra pobreza e o sub-desenvolvimento. Este, aliás, o maior problema da absoluta maioria dos países-membros. Mesmo representando mais da metade de população mundial, a renda media per capita dos seus habitantes está muito abaixo da constatada no chamado mundo desenvolvido.E entre esses países há inúmeros do Oriente Médio e África, estão os movimentos democráticos em curso ou as ditaduras mais notórias do planeta. 

A  próxima reunião será no Irã, agora em agosto,que assim  assume a presidência do movimento. Movimento que resiste ao tempo, como as instalações degradadas da ilha de Brioni. O mundo mudou, e mudou muito. Este é um tempo confuso, sem muito rumo, mas é sem duvida nenhuma um tempo diferente.O movimento dos não-alinhados virou, com Teheran Times propagando que seus líderes terão a oportunidade de mostrar ao  mundo que são bons amigos e líderes legítimos do movimento, simplesmente o movimento alinhado.Alinhado com a produção de artefatos de guerra nucleares, com ameaça aos vizinhos, com ódio religioso e racial, em especial contra os bahais e judeus, com envolvimento em atentados como o contra comunidade judaica na Argentina, e mais e mais. O Irã, ou Pérsia,  país com história, é hoje, com seu governo, um exemplo de tudo o que o  movimento dos não alinhados não  representava. Mas o preocupante é que tem apoio para fazer politicamente das suas, incluindo sua vontade de matar mais gente, e por isso haverá reunião lá. O movimento dos alinhados, agora contra o mundo, ganhou uma força que não pode ser desprezada.

Stefan B. Salej
15.8.2012.

Monday 13 August 2012

Do mensalao no mundo


Do mensalão no mundo

Em um debate recente na universidade de Stellenbosch, na África do Sul, o caso do mensalão brasileiro e seu julgamento não  deixaram de ser mencionados. Como a notícia sobre Big monthly bribe dance, a grande dança de corrupção, não escapou a nenhum veículo jornalístico do mundo. Falando do Brasil hoje, fala-se no processo em curso no STF. A  transmissão ao vivo via internet encurtou a distância e aumentou o interesse.

Porque tanto interesse no mundo nesse processo?Primeiro porque  o ex-Presidente Lula,nomeado em título de um jornal britânico há tempos, referindo se ao processo, Lula e os 40 ladrões, é um dos lideres políticos mais respeitados do mundo.Os fatos aconteceram durante o primeiro governo dele. A comunidade internacional, que carece de líderes verdadeiros, respeitados, que lutam contra ditadores, teme que um dos ícones da democracia possa  estar manchado.

O segundo item dessa história é que a maneira como se combate a corrupção política no Brasil pode ser um exemplo para outros países. O Brasil não é um país qualquer. Tem tamanho geográfico e estatura política e econômica. Além de fazer parte de importantes grupos econômicos como G20,BRICS, etc. será sem dúvida um dos líderes mundiais neste século.O que acontece no Brasil interessa ao mundo e vai interessar cada vez mais. Se não for por nenhuma outra razão, pelo menos porque aqui há bilhões de dólares de investimentos estrangeiros. E se há corrupção no sistema político,imagine como deve ser no outros sub sistemas econômicos.

Muitos dizem que há corrupção maior em outros países, portanto no Brasil não importa muito.É verdade.Os sistemas políticos e empresariais no mundo inteiro estão impregnados de praticas ilegais.Talvez nesse campeonato o Brasil realmente não seja um dos finalistas.Todo dia surgem essas noticias e alguns escândalos ficaram nas história. Há países que punem rigorosamente a corrupção em casa, estão colocados no topo dos índices de transparência internacional, mas  não  se incomodam corromper no exterior para vender seus produtos. Nesse caso, os Estados Unidos, ao contrario da Finlândia, têm uma legislação bem rigorosa.

O que mais importa é que, quando descoberta, a corrupção, seja julgada. No Brasil estão descobrindo muitos casos e muitos casos são julgados. São poucos os países que demitiram um presidente por corrupção.Ou que cassaram seus parlamentares e que demitem ministros e funcionários por atos de corrupção.Mesmo que para os brasileiros a percepção é que tudo termina em pizza, algo intraduzível para estrangeiros,para eles há um processo em curso que demonstra que Brasil combate as corrupção, que a sociedade brasileira reage.Que a corrupção não é aceitável.

O resultado final do julgamento em curso, mostrará à opinião pública internacional se o Brasil esta ou não a caminho de uma democracia que leva as desenvolvimento social justo e equilibrado.Terminando em pizza, será dado um claro sinal de que é um país que tolera a corrupção. Enterra também a possibilidade de ser um grande país do século 21. Será um como outro qualquer, que tem corrupção mas aceita isso como parte de sua cultura, achando tudo normal.

Stefan  B.Salej
9.8.2012.