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Friday 27 November 2015

Da vizinha de roupa nova

Da vizinha de roupa nova

Você já viu uma dançarina de tango novinha, jovencita? Em geral os dançarinos de tango são pessoas de idade indistinta, com cara seríssima, sem sorriso, e com alma atrelada a cada movimento da música que gera o movimento do corpo. Com toda a perfeição, mas sem sorriso, até o final da música. Assim é também a Argentina, nossa vizinha poderosa, rica e dedicada a movimentos políticos precisos. Um longo período de justicialismo ou peronismo que acaba com país, depois a tentativa de conserto, que nem sempre melhora o vizinho do Rio de la Plata.

A eleição do novo presidente argentino, cujo pai fez negócios no Brasil com a falecida Chapecó e deve algumas centenas de milhões aos credores brasileiros, por uma margem de menos de 3 %, traz esperanças falsas de que de repente este vizinho dominado por um sistema de governo inepto e chamado pelos seus opositores de corrupto, vai mudar tudo. Que os peronistas liderados pela Cristina Kirchner, saindo do governo, não vão facilitar as coisas, está claro. A visita de cortesia do presidente eleito para à presidenta saliente, foi tudo menos cortes. Mas, não é na cortesia que está o problema. É na herança, deveras maldita, que o governo dela deixa para o povo argentino e o novo governo. Total descontrole de economia, relações com os credores externos em aberto, e conflito entre as classes, são só parte do retrato que será entregue ao novo governo. E ainda, cambio irreal, inflação em alta e falta de transparência total nos dados econômicos.

Para consertar esta situação, que não é única no continente, vai levar tempo e a história argentina mostra tentativas anteriores desastradas. O novo governo não tem maioria no Senado, e ainda não formou a maioria do Congresso, imprescindível para ter o mínimo de governabilidade. No plano externo, as declarações do presidente eleito sobre a Venezuela democrática no âmbito da MERCOSUL, criaram o primeiro atrito com o Brasil. Macri quer expulsar o governo de Maduro do MERCOSUL , e o empate será daqui a umas semanas, na próxima reunião de cúpula do MERCOSUL no Paraguai. Que a Venezuela hoje não é  democrática, ninguém tem dúvida. Mas, que a Argentina deve à Venezuela, e a Venezuela deve muito dinheiro ao Brasil, também ninguém tem dúvida.

Com a eleição de Macri, começa provavelmente um novo ciclo de governos de centro direita na América do Sul. É cedo para dizer que acabou o ciclo moribundo de governos populistas ineficientes e ineficazes, principalmente para as suas próprias populações. Mesmo com a roupa nova, a Argentina continua a mesma. Esperar para ver!

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