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Saturday 7 February 2015

DO CAVALO GREGO

Do cavalo grego e a Europa

A história grega, e a Grécia tem história, conta que os gregos fizeram um cavalo de madeira cheio de soldados e infiltraram em Esparta, enganando os adversários e ganhando a batalha. Hoje os gregos enfrentam mais uma batalha, mas não é mais com Esparta, onde vivia a bela Helena,  mas com União Européia e seus aliados mundiais do mundo financeiro. Os inteligentíssimos e espertos banqueiros deram à pequena Grécia, membro da União Européia e de seu sistema monetário chamado euro, 316 bilhões de euros de crédito. Trocando em miúdos: o dobro do que contavam todas as reservas externas brasileiras no seu ponto mais alto. E desse dinheiro, que representa 170 % de produtos interno bruto da Grécia, os bancos privados emprestaram mais de 120 bilhões de euros ou aproximadamente 500 bilhões de reais. O resto são empréstimos dos governos e agências multilaterais como o Fundo Monetário  e Banco Central  Europeu.

Para receber os créditos de volta, os credores inventaram a chamada Troika, composta por representantes do Banco Central Europeu, Fundo Monetário Internacional e Comissão Européia. E se alguém lembra ainda das missões do FMI que vinham ao Brasil e sua fórmula, deve entender facilmente como essa Troika funciona:  privatizações, corte de despesas públicas, reforma de pensões e saúde pública, e mais tudo o que leva a economia à recessão, desemprego e, teoricamente, permite pagar a dívida.

Deu certo? Só do lado negativo. Levou  o povo grego a uma miséria sem precedentes, e não produziu um centavo a mais para pagar a dívida. E fez tremer todo o sistema monetário europeu, quiça mundial, como disse ministro de finanças do Reino Unido.

Agora, tem novos atores no palco de tragédia grega: Syriza. O partido que ganhou a maioria no parlamento e que foi eleito para mudar a situação. Seus dirigentes, jovens, bem educados, percorreram as capitais européias para propor mudanças. Em alguns capitais foram recebidos com certa simpatia, em outros como Berlin, com nenhuma. O fato é que Grécia não tem como pagar essa dívida dentro das condições impostas hoje. E se não acharem uma solução, a saída da Grécia da União Européia, também não é solução. Os gregos já falaram que foram eleitos para acabar com a recessão e miséria que foi implantada no país e que em nada muda seu rumo. E os europeus já disseram que tem que pagar, custe o que custar.

O impasse não é grego, é do sistema e da Europa. E a revolta das populações por imposições de ordem monetária não está restringida à Grécia. Na Espanha, um partido novo, Podemos, foi apoiado nas manifestações recentes por mais de 150 mil pessoas. Na Itália, o jovem Renzi tenta achar soluções não ortodoxas.

Para o Brasil, a crise de União Européia é muito prejudicial. E as soluções que vão apresentar podem servir de exemplo também para a economia tupiniquim.

Stefan Salej
6.2.2015.

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