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Thursday 19 February 2015

DO CARNAVAL AFRICANO


Do carnaval africano

Duas das escolas de samba no Rio de Janeiro desfilaram com temas da África. A grande vencedora do desfile na Marques de Sapucaí, a Beija Flor, cantou, dançou, sambou e esbanjou beleza com tema sobre a Guiné Equatorial, um país dirigido há mais de 35 anos, com mão de ferro, por um presidente só que adotou recentemente o português como terceira língua oficial do país. E a Beija Flor mesmo, com a alegria enorme de ser campeã, não consegue explicar de onde vieram os recursos para a escola. Do governo do país africano, das empresas brasileiras que atuam lá, por sinal as mesmas que são mencionadas nos processos de Lava Jato ou de quem mesmo?

A outra escola, Imperatriz Leopoldinense, que não teve grande atuação e não precisa explicar o financiamento por enquanto, teve como tema o processo de integração racial e social da África do Sul liderado há 20 anos pelo legendário Mandela. Mas, teve como privilegiada espectadora a prefeita da Cidade do Cabo que está implementando em março de cada ano um carnaval cópia do nosso, junto com os donos da maior empresa de comércio eletrônico do mundo e sócia da Editora Abril, a Naspers.

Se juntarmos a isso a assinatura de convênio de cooperação entre a cidade de Windhoek, a capital da Namíbia com 250 mil habitantes, com Prefeitura de Belo Horizonte, podemos quase dizer que tivemos uma semana africana no Brasil. Bem, para quem não sabe nem onde fica Windhoek e nem Namíbia, é fácil de entender que esse é o país onde investiu em exploração de petróleo a construtora Cowan de Belo Horizonte. Aquela mesma que construiu um viaduto, que, na véspera da Copa, caiu e matou gente. Fácil de entender onde as duas cidades se encontram.

 E indo para o aeroporto de Confins, você cruza uma série de viadutos com nomes de países africanos que você nunca viu, não conhece  e você ainda não descobriu porque se juntaram aos nomes ilustres de José  Alencar e José Aparecido, além de alguns escritores mineiros.

O fato é que sem os africanos não seriamos o Brasil que somos. E também o fato é que a nossa ignorância do continente e do seu potencial para desenvolver parcerias culturais ou econômicas, sem falar nas políticas, é enorme. Duvido que as duas escolas de samba contribuíram em muito para aumentar este conhecimento, mas ajudaram. A nossa cooperação tem um espaço maior do que só a participação nas escolas de samba, e definitivamente não depende só de terceiros, mas de governos estaduais e municipais. A abertura por exemplo de leitorado de língua portuguesa brasileira na Universidade de Cape Town ou o estreitamento de cooperação na área vinícola entre a Universidade de Jequitinhonha e Mucuri, são só dois exemplos disso. Mas pela África, continente de 54 países, brotam essas oportunidades que devem ser aproveitadas, inclusive fora do carnaval.


Stefan Salej
19.2.2015.




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