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Thursday 19 June 2014

Dos dois mundos

A posse de novo Primeiro ministro da Índia, verdadeira oposição à dinastia Nehru-Gandhi que, através do Partido do Congresso, dominou por décadas a política do nosso sócio no grupo BRICS, foi só um dos acontecimentos internacionais dignos de nota. A Ucrânia revoltada elegeu o Rei do Chocolate novo Presidente, na esperança vã de que isso vai acalmar os ânimos e colocar o país na rota da paz e do crescimento. E a primavera árabe decantada em prosa e verso pelo mundo ocidental, conseguiu eleger um general que já fez acordo com os russos para fornecimento de armas, de nome Sissi, Presidente do Egito. E a roda de eleições não parou: na vizinha Colômbia haverá segundo turno entre o atual Presidente Santos e seu opositor. E tudo isso, na sombra da guerrilha esquerdo-narco-traficante FARC, com a qual Santos quer fazer acordo de paz!

Não se pode negar importância a esses eventos e mais à tranqüilidade com o qual o mundo democrático recebeu a notícia do golpe militar na Tailândia. Mas, são dois outros acontecimentos que afetam diretamente o Brasil: o resultado das eleições para o Parlamento europeu e o pronunciamento do Presidente dos  Estados Unidos na centenária Academia Militar de West Point sobre política externa do seu governo.

A extrema direita, aquela que é em geral contra a União Européia, contra os imigrantes e mais outros contras, ganhou 20 % das cadeiras no Parlamento Europeu. Realmente, não tem a maioria, mas remexeu com políticas nacionais em vários países europeus notadamente na França e no Reino Unido. A briga para a escolha de novos dirigentes da União Européia, onde o  Parlamento quer escolher e os chefes dos governos não deixam, é só um dos problemas neste cenário. O maior problema é que os governos no poder, com raras exceções, como o da Itália,  onde o jovem primeiro ministro Renzi foi consagrado nas urnas com seus candidatos, foram vigorosamente derrotados. A direita radical teve mais votos do que em qualquer eleição até agora na Europa e de uma forma horizontal. O recado das urnas é que o cidadão europeu quer uma UE diferente mas também quer seu país diferente.

Do outro lado do oceano Atlântico, o Presidente Obama declarou com todas as letras que  os Estados Unidos querem ser o país líder do mundo e que suas forças armadas podem intervir de forma não permanente onde essa liderança econômica e política for contestada, de forma a prejudicar os interesses norte-americanos. E que os últimos soldados aliados sairão do Afeganistão em 2016. Portanto, são número um, país líder do mundo livre e, no caso considerado, do outro mundo, também.

Os dois blocos são nossos parceiros fundamentais tanto nas relações econômicas como políticas. A nossa aliança no bloco BRICS, que se reunirá em Fortaleza após a Copa, não substitui ainda a relação com esses blocos. É bom prestar muita atenção ao que está acontecendo por lá, para não ficarmos ainda mais à margem do mundo.

Stefan B. Salej
30 de maio de 2014.  

 

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