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Thursday 19 June 2014

Das  caças e das bruxas

Simplesmente parabéns aos atores que decidiram cortar o nó  górdico da compra de aviões de caça. Resolveram comprar na Suécia, que ganhou o contrato de 4.5 bilhões de dólares, não por causa do financiamento de 15 anos, nem pela superioridade técnica, mas por causa da inépcia dos competidores, inábeis e prepotentes. A dos  franceses, porque o avião oferecido, que o ganhou o título de "não vendável" do venerado diário francês Le Monde e que, com o escândalo de propina da Alstom no Brasil, ficou vulnerável em excesso. A dos americanos que, com a Boeing, usaram o lobby da ex embaixadora norte americana no Brasil D. Hrinak, e ficaram vulneráveis com o escândalo das escutas. E mais: porque não deram garantia suficiente de transferência de tecnologia. E não  podiam dar, porque a legislação deles proíbe. E ninguém estava disposto a mudar lei no Congresso norte-americano.

Os suecos ficaram sozinhos, se excluirmos os russos, que têm tecnologia muito mais avançada, mas são russos e comprar deles ainda significa uma virada ideológica inexistente num mundo múltipolar de  potências grandes. A Suécia não é grande compradora de nossos produtos, portanto a nossa compra não aumenta as nossas exportações, o que seria o caso com os outros países. Os suecos, que ganharam o apelido de neutros, nem tão neutros são como se apresentam. O  fabricante de fósforos, que foram inventados lá, financiou os governos nazistas e  fascistas  e  a dinamite foi inventada  lá. E os livros do jornalista falecido Stieg Larsson, descrevendo as tramas de espionagem e o desumano tratamento de mulheres, que foram best sellers, não são ficção, mas a dura realidade sueca, que nem Rainha Silvia, de origem brasileira, pode esconder.  E os sul-africanos, que compraram os aviões Gripen, transação sob investigação, podem contar às quantas anda a satisfação com as caças.

Em resumo, não tinha para onde correr e um dia teve que resolver o caso.  O Brasil anda demasiado desprotegido e o atraso nos investimentos em infra-estrutura de defesa, para um país de dimensões continentais, são garantia de vulnerabilidade. O mundo  é um lugar perigoso e Brasil terá que investir mais também nessa área. A compra dos suecos prevê a fabricação das partes no Brasil, o que gera uma boa oportunidade para solidificar o crescimento de industria de defesa. O sucesso da EMBRAER e o  cluster da indústria de defesa em Sao José dos Campos demonstram que podemos vencer essa batalha. Na área naval também há avanços. E Minas, onde fica?  No clássico, onde sempre esteve. Mas isso não será suficiente para criar empregos. E o trem passa.

Stefan B. Salej
18.12.2013.

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