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Thursday 19 June 2014

Da Cristina argentina

Um político saindo de uma operação e se recuperando é um  perigo público. No Brasil tivemos a experiência do Presidente Figueiredo, com o nosso Vice Aureliano Chaves. Em geral, pensam que foram traídos durante a sua ausência e que Deus os salvou para governarem ainda pior do que antes. É quase clássico que, depois de um período de recuperação, que lhes dá tempo suficiente para pensar de tudo e sobre tudo, voltem com novas idéias, uma revisão do passado e a firme convicção de que o futuro não  pertence ao Deus, mas a eles.

A volta triunfal de Cristina  Kirchner, a Presidente da República Argentina, após 47 dias de licença médica e, no meio, eleições parlamentares, à Casa Rosada, sede do governo portenho,, é um caso assim. Perdeu as eleições para o opositor Massi, não confundir com o argentino mas famoso do momento, o jogador de futebol Messi, em campanha para derrubar o kirchnerismo no poder,mas mesmo assim voltou exibindo uma alegria e força ímpares. Fez reforma  ministerial com a mão na cintura e mexeu onde mais dói  em cada cidadão, e também no argentino: no bolso, na economia.

Mandou o bode expiatório dos últimos desastres econômicos, G.Moreno, para um exílio dourado em Roma e nomeou para seu lugar um jovem declarado marxista, que tomou posse no Ministério da economia em uma Argentina ainda tradicional e engravatada, Axel Kicillof. O cenário da substituição do truculento, grosseiro, falsificador de estatísticas e vendedor de licenças de importação Moreno, por um jovem marxista mais próximo à realidade internacional, é o pior para os exportadores brasileiros. A política econômica, confusa e que não produz crescimento no país vizinho, continua. E, com essa política, é difícil fazer uma parceria que leve os dois países a crescerem mais.

Neste momento em que estamos apresentando a nossa oferta para negociações  com a União Européia, a estabilidade política e a oportunidade de  crescimento dos vizinhos são  fundamentais. Enquanto o Brasil oferece parceria de desenvolvimento, o governo argentino oferece barreiras. Cristina Kirchner, no seu discurso ao voltar ao governo, falou das falidas Aerolineas Argentinas, da petrolífera estatizada, mas nada do MERCOSUL que esta desafinado e nem da crise social que o país vive. E nem das reservas cambiais de 31 bilhões de dólares e nem do dólar no cambio negro alcançando o céu.

Vizinho em permanentes dificuldades e sem perspectiva de solução, é um problema para o Brasil. Nossas exportações para lá são importantes. Mas, vamos ter que esperar mais do que a saída da Presidente do hospital. Esperar que o país como um todo saia do hospital ou hospício.


Stefan B. Salej
20.11.2013.


 

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