Do Brasil potência
A dimensão territorial e populacional do Brasil já tornam o país grande. E como é o maior do continente sul-americano, surgem constantes críticas a suas políticas, quaisquer que sejam,
porque se parte do princípio de que Brasil faz de tudo
para ganhar sempre, prejudicando a
terceiros. Acusações de hegemonia brasileira
no continente e seu avanço no cenário internacional geram
resistências e reações que dificultam a cooperação do Brasil com os países vizinhos.
No campo regional, a cooperação entre países ocorre através de instrumentos de integração como o MERCOSUL e a UNASUL, que são absolutamente naturais e usados também em outros continentes. Os exemplos mais gritantes são a União Européia e o Acordo de Livre Comércio da América do Norte. É normal que o Brasil exerça nessas agremiações um papel ativo, levando
em consideração interesses de todos os sócios, caso contrário o funcionamento do
sistema seria prejudicado. Comparando, todos reconhecem o papel importante da
Alemanha na UE, porque ela representa a economia mais forte da Europa. É algo natural nos dois casos.
A integração energética da América do Sul gera benefícios para todos na região e é fundamental para todos os
parceiros. É claro que o aproveitamento
energético pode ser maior onde
existe uso maior de energia, ou seja, onde tem maior população e mais indústria. E também fica claro que essas alianças energéticas são alianças políticas. Enquanto o Brasil
tem uma perspectiva de longo prazo na região, com países como o Paraguay, Argentina, Peru e Bolívia, os movimentos democráticos nos mesmos mudam
muitas vezes a sua relação com o Brasil a cada eleição. Como é legitimo que eles queiram
sempre condições diferentes nos
contratos, também é legitimo que o Brasil defenda seus interesses.
Outro campo de cooperação é a área militar. Fronteiras comuns nas áreas dominadas por narcotráfico exigem uma ação comum, caso contrário o vencedor é o inimigo. As forças de defesa desses países só podem colaborar. Não há outra alternativa para vencer
o adversário. E aí vale a pena observar que os investimentos brasileiros nessa área estão bastante abaixo dos seus
parceiros da UNASUL.
O mundo é dividido em países líderes regionais. A sua liderança é determinada pelo seu desenvolvimento econômico e social e sua capacidade de cooperação. Há casos em que prevalece a
liderança militar como braço prolongado de interesses econômicos. Não é o caso do Brasil, portanto
não há ação hegemônica mas procura de
parceria estratégica, nos melhores ensinamentos do Barão do Rio Branco.
Stefan B. Salej
5.12.2012.
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